quinta-feira, 20 de novembro de 2014

O Trabalho de autonutrição

Crianças que chegam com condutas agressivas ou tímidas ou mesmo depressivas, necessitam ser trabalhadas em seu amor próprio, em pensamentos e ações que elevam a sua autoestima. Para nós gestaltistas, significa direcionarmos intervenções terapeuticas, atividades e dinâmicas voltadas para o autossuporte e a autonutrição. O autossuporte integra o processo de identificar a necessidade principal, efetuar sua expressão e sustentar a ação orientadora para a sua realização. A criança reconhece que deseja algo diferente de um colega ou dos pais, expressa  esse desejo e sustenta a ação autorrealizadora, quer seja pelo ato da palavra, quer seja por uma conduta. Age assim por ter autoconfiança, por se dar valor, por sentir-se capaz de enfrentar o ambiente, o outro diferente de si, que pode se opor a sua necessidade/desejo. A autonutrição é um processo de fazer a criança reconhecer seus talentos, dons, habilidades, qualidades que estão ocultas por introjetos tóxicos (ou não) que a fazem sentir culpa, se autocondenar, se autorreprovar. O trabalho de autonutrição é ensinar a criança a ter bons pensamentos sobre si, ter pensamentos alegres, ter atitudes de carinho consigo. Aprender a ter um olhar gentil com seu corpo, sua saúde, seu sono, sua alimentação, suas relações.

Ver os recursos terapeuticos que podem ser utilizados no capítulo 3 do livro "A clínica gestáltica com crianças: caminhos de crescimento", Ed. Summus, 2010.

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

O Transtorno de conduta na ótica da Gestalt-terapia

O transtorno de conduta tem sido um dos distúrbios psicossociais mais preocupantes nos dias atuais.Encontramos esses distúrbio psicológico em crianças e adolescentes com condutas antissociais, violentas, de teor maléfico/perverso indicadoras de uma perturbação significativa no funcionamento social, familiar, escolar e ocupacional. Apresentam comportamentos cruéis que humilham, ofendem, inibem, intimidam e constrangem professores, pais, irmãos, vizinhos, etc.Os dilemas centrais do adolescente com transtorno de conduta são: o certo x o errado; o bom x o mau; o construtivo/criativo x o destrutivo. Na clínica, observo que as crianças e adolescentes perversos têm a inveja e o ciúme como afetos que alimentam as suas condutas agressivas/destrutivas. O TC é uma patologia da ausência de ética, da falta de valores morais no indivíduo cujo cerne é a inexistencia do sentimento empático com o outro humano. O ensinamento crístico “amai ao outro como a si mesmo” não é possível de ser seguido, uma vez que não amam a si próprios por não terem tido a experiência de serem amados. São pessoas que carecem da preocupação com o existir alheio, porque deixaram de ter preocupação com a própria existencia.O caminho de resgate do tormento existencial em que vivem é o da conscientização de que são um ser-no-mundo, um ser-com-o-outro, um ser-para-o-outro com todas as implicações angustiantes que essa noção filosófica pode trazer. Nessa patologia, mais do que nunca precisamos visualizar as intrínsecas forças interatuantes do todo sobre as partes e das partes sobre o todo (a interdependência entre sociedade-família-individuo). 

Trecho extraído do meu artigo "O transtorno de conduta no adolescente: a carência afetiva por trás da carência". Ver link na secção de artigos deste blog.