sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Baby Blues

Quando engravidei li centenas de blogs de mães, bebês, parto, pós parto, funcionamento psicológico, biológico, social das mães, dos bebes, dos pais, enfim, li tudo que podia e não podia. E, entre tantas coisas, li também sobre  baby blues e depressão pós parto. Mas todos os relatos muitos sutis, distantes mesmo da minha doce realidade de grávidaAté que lá estava eu, cheia de hormônio, costurada, com dor, tendo que cuidar de um bebê, sem dormir minhas sagradas 8 horas por noite, com o peito rachado, sangrando. Então, percebi que tinha alguma coisa estranha acontecendo, e, assim, pude entender e experienciar o que era o baby blues.

Por já ter conversado com outras amigas, eu sabia que chorar muito era normal, mas aquela sensação de que eu não ai dar conta de cuidar daquele serzinho e o medo de que, a qualquer passo em falso, ela podia morrer e eu perder a coisa que mais amava na vida, era enlouquecedor. Logo, eu não poderia ficar sozinha com ela, “não me deixem sozinha com ela” era o meu pensamento. Quando a filhota completou 1 mês, meu alívio em ver que ela sobreviveu foi enorme! Eu e ela tínhamos sobrevivido!!!! E isso era incrível, pura sorte, pensava eu! Hoje, consigo perceber alguns fatores que contribuíram para que essa sensação tenha vindo com tanta força. Mudança hormonal, falta de apoio no puerpério e de conhecimento sobre amamentação, tudo estava junto e muito misturado. Eu não conseguia olhar, refletir e muito menos analisar o que estava acontecendo. Eu era um ser que zanzava pela casa, sem saber se era noite ou dia, incomodada, confusa e descabelada!

Estive muito bem acompanhada no puerpério, tive um suporte enorme de pessoas importantes na minha vida, mas, hoje, depois de muito ler, entendi que o puerpério é uma fase solitária, mesmo que seja compartilhada com alguém. Só a sua vida muda, você se torna responsável por uma vida, por aquele serzinho chorão! Só você nota que aquela você, velha conhecida, morre. O puerpério é também um luto, que se passa só. Mas nada do que senti acredito que tenha sido criado nessa fase, ao contrário, penso que tudo já existia dentro de mim. Foi como se todas as minhas sombras tivessem sido iluminadas e eu pude ver e sentir todas elas, as que eu escondia, as que eu nem sabia que existiam, mas que estavam dentro de mim. E eu tive que olhar pra elas, não tem jeito. A maternidade foi um mergulho profundo dentro de mim mesma. O luto foi porque eu só via quem tinha morrido, eu ainda não via quem estava chegando.

Foi tudo tão forte, intenso e louco que até hoje vou processando as informações. Converso, leio, troco, aprendo e assim vou caminhando, sem pressa, descobrindo quem foi que nasceu junto com Isadora. A cada dia uma descoberta, minha e dela, no nosso ritmo, no nosso passo.
                                                                                                                        (Monica Xavier)





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