segunda-feira, 31 de julho de 2017

O novo eu emergente na adolescência

A adolescência dá início ao período da independência, no qual o jovem anseia por autonomia e liberdade, travando uma luta entre si e o ambiente para definir sua identidade. É uma fase em que emergem conflitos e questionamentos acerca das introjeções familiares e da sociedade, em que o adolescente toma consciência de que a individualidade só pode ser obtida mediante a separação subjetiva dos pais (discriminação do que é dos pais e do que é seu), a libertação da confluência familiar, a renúncia ao vínculo de dependência da infância. O ato de libertar-se das introjeções direciona o adolescente para o egotismo funcional, por meio do qual o eu se torna centro de tudo, impulsionado por forças internas (biológicas, psicológicas) que lhe permitem definir-se e decidir-se como sujeito, autor da própria história, senhor dos seus projetos, vontades, desejos e necessidades.O corpo torna-se figura na relação com o mundo e com o outro, desencadeando processos psicológicos que abrangem desde a não aceitação da mudança morfológica (luto da perda do corpo infantil) e a recusa do corpo como objeto de desejo sexual, até a ansiedade em lidar com a excitação sexual organísmica natural que induz o adolescente a experiências de autoerotização, atividades masturbatórias, fantasias sexuais e ao desejo sexual dirigido ao corpo do outro. Ao ampliar sua capacidade de reflexão sobre si e o próprio corpo, o outro e seu corpo, reconhece viver um processo de intersubjetividade e intercorporeidade, em que o outro é importante na constituição do seu eu, na formação de sua autoimagem corporal, na renovação de seus valores e crenças. O organismo, em intensa transformação biológica e psicológica – o qual suscita percepções, desejos, pensamentos e fantasias – passa a ser, nas palavras de Merleau-Ponty (2000), corpo vidente e visto, sentiente e sentido, tocante e tocado, desejante e desejado, despertando para outro corpo-sujeito e sendo despertado pelo outro-corpo-eu – adentrando assim no reino da sexualidade e da afetividade amorosa.

Trecho extraído do livro "Gestalt-Terapia: modalidades de intervenção clínica", escrito em co-autoria com Rosana Zanella. 

sábado, 8 de julho de 2017

Conclusão do X Curso de Gestalt-Terapia com crianças: teoria e arte

Com um imenso sentimento de realização e gratidão, anuncio o encerramento no dia 03 de julho, do meu X Curso de GT com crianças: teoria e arte. Dessa vez, o último dia coincidiu com o dia do meu aniversário e as meninas preparam uma festa surpreendentemente maravilhosa, com direito ao figurino de "Mulher Maravilha" e presentes, como um livro sobre Yoga para crianças, orquídea e cachecol. Agradeço as 15 psicólogas participantes pela competência, pelo conhecimento e envolvimento em cada aula! Desejo a todas um magnífico caminho profissional!

Recebam meu abraço com profunda gratidão!