Quando
engravidei li centenas de blogs de mães, bebês, parto, pós parto, funcionamento
psicológico, biológico, social das mães, dos bebes, dos pais, enfim, li tudo
que podia e não podia. E, entre tantas coisas, li também sobre baby blues e depressão pós parto. Mas todos os
relatos muitos sutis, distantes mesmo da minha doce realidade de grávida. Até que
lá estava eu, cheia de hormônio, costurada, com dor, tendo que cuidar de um
bebê, sem dormir minhas sagradas 8 horas por noite, com o peito rachado,
sangrando. Então, percebi que tinha alguma coisa estranha acontecendo, e,
assim, pude entender e experienciar o que era o baby blues.
Por já
ter conversado com outras amigas, eu sabia que chorar muito era normal, mas
aquela sensação de que eu não ai dar conta de cuidar daquele serzinho e o medo
de que, a qualquer passo em falso, ela podia morrer e eu perder a coisa que
mais amava na vida, era enlouquecedor. Logo, eu não poderia ficar sozinha com
ela, “não me deixem sozinha com ela” era o meu pensamento. Quando a filhota
completou 1 mês, meu alívio em ver que ela sobreviveu foi enorme! Eu e ela
tínhamos sobrevivido!!!! E isso era incrível, pura sorte, pensava eu! Hoje,
consigo perceber alguns fatores que contribuíram para que essa sensação tenha
vindo com tanta força. Mudança hormonal, falta de apoio no puerpério e de
conhecimento sobre amamentação, tudo estava junto e muito misturado. Eu não
conseguia olhar, refletir e muito menos analisar o que estava acontecendo. Eu
era um ser que zanzava pela casa, sem saber se era noite ou dia, incomodada,
confusa e descabelada!
Estive
muito bem acompanhada no puerpério, tive um suporte enorme de pessoas
importantes na minha vida, mas, hoje, depois de muito ler, entendi que o
puerpério é uma fase solitária, mesmo que seja compartilhada com alguém. Só a
sua vida muda, você se torna responsável por uma vida, por aquele serzinho
chorão! Só você nota que aquela você, velha conhecida, morre. O puerpério é
também um luto, que se passa só. Mas nada
do que senti acredito que tenha sido criado nessa fase, ao contrário, penso que
tudo já existia dentro de mim. Foi como se todas as minhas sombras tivessem
sido iluminadas e eu pude ver e sentir todas elas, as que eu escondia, as que
eu nem sabia que existiam, mas que estavam dentro de mim. E eu tive que olhar
pra elas, não tem jeito. A maternidade foi um mergulho profundo dentro de mim
mesma. O luto foi porque eu só via quem tinha morrido, eu ainda não via quem estava
chegando.
Foi tudo
tão forte, intenso e louco que até hoje vou processando as informações.
Converso, leio, troco, aprendo e assim vou caminhando, sem pressa, descobrindo
quem foi que nasceu junto com Isadora. A cada dia uma descoberta, minha e dela,
no nosso ritmo, no nosso passo.
(Monica Xavier)