Este curso teórico-vivencial foi realizado, em 2009, tendo como fim apresentar um modelo teórico em Gestalt-terapia no atendimento a
crianças, abordando alguns princípios e conceitos fundamentais que norteiam sua
prática clínica. O modelo aponta a
importância da presença consciente do terapeuta na construção da relação, na
condução do processo terapêutico e na aplicação das técnicas e
experimentos. O trabalho terapêutico é
direcionado para: 1) a awareness do
funcionamento cognitivo, emocional, comportamental e corporal; 2) a restauração
da capacidade de estabelecer e sustentar o contato; 3) a realização de
experimentos de definição e fortalecimento do eu, visando o crescimento do
autossuporte (capacidade de identificar, expressar, sustentar as próprias
necessidades, vontades, idéias) e a integração da personalidade. Os recursos
terapêuticos utilizados para alcançar os objetivos citados envolvem o uso de
técnicas expressivas e projetivas (argila, fantoches, caixa de areia) calcadas em material lúdico que facilitam o
desvelamento dos processos internos inconscientes.
Em GT não empregamos a técnica pela técnica em si, mas
transformamos a técnica em
experimentação. O experimento deve surgir do aqui e agora da
observação fenomenológica do terapeuta sobre o agir da criança na situação
terapêutica. Ao ser sugerido, deve criar oportunidade para uma experiência
emocional que venha abrir janelas para a consciência de aspectos desconhecidos/temidos/alienados
de si, de conflitos vividos, de suas formas de ajustamento criativo e modo de
estar em contato ou bloquear o contato. O trabalho com técnicas expressivas e projetivas visa abrir possibilidades para a
criança manifestar seu mundo subjetivo cheio de desejos, medos, fantasias,
introjetos que sustentam seus conflitos e levam à alienação/negação de partes
de sua personalidade. O gestaltista não interpreta, explora as projeções
observando as cenas e descrevendo o que vê. O método terapêutico utilizado é fundamentado na técnica da GT do diálogo entre as partes
introjetadas da personalidade e projetadas na cena
criada nos experimentos ou atividades desenvolvidas. A criança aprende e
entende melhor por meio de experiências concretas. Por isso, o trabalho com
crianças deve ser conduzido para a vivência de experiências, de modo que ela
possa experimentar seu mundo subjetivo e dar significado a ele, a partir
daquilo que vê, sente, pensa e faz.
Em meu livro "Cuidando de crianças: teoria e arte em GT", há um capitulo sobre o valor das técnicas como experimento em que discuto com mais profundidade as técnicas expressivas, projetivas, integrativas.
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